Duas semanas antes.
“O que há com esse banquete?”
“Ah?” o mordomo ficou atordoado por um instante. “Oh certo. Vossa Majestade, hoje é o dia do banquete de inauguração do novo cozinheiro, Liu Yan.”
“Entendo, acabei me esquecendo que era hoje o dia. Se não me engano, quando eles serviam o palácio imperial havia uma grande cerimônia em uma ocasião dessas, mas infelizmente...” o rei parou em pensamentos por um momento como se contemplasse o passado.
“Ah!...Não é bom falarmos sobre isso nesse momento” suspirou o rei com amargura.
“Senhor, se tiver algum problema com a comida posso ir falar com o cozinheiro sobre isso” falou o mordomo com uma certa frieza quando citou o novo cozinheiro.
“Não, deixa quieto. As coisas melhorarão com o tempo, sem dúvidas” acenou o monarca com a mão para que o mordomo não se incomodasse com isso.
“Como quiser Vossa Majestade. Se me permitir, agora vou me retirar, mas se por acaso precisar de algo, toque o sino e alguém virá servi-lo.” curvou-se o mordomo antes de deixar o salão.
O rei não responteu e apenas observou o mordomo e os servos se retirarem, enquanto ele permanecia sozinho.
Depois de um momento ele virou seu olhar para o quadro de uma bela mulher pendurado do outro lado do cômodo, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas..
“Enfim a sós querida, sinto muito a sua falta nesses momentos. Esse garoto, Liu Yan e sua linhagem fantástica me causa muita angústia desde quando você acomodou seu clã em nosso reino.” murmurou o rei como se conversasse com a moça do quadro.
“É mesmo uma pena que o velho ancestral Liu não deixou nada para os seus descendentes antes de morrer e isso é o que mais me intriga. Aquele homem sempre foi muito protetor com seu clã, então por que?”
…
Enquanto isso em outro canto do palácio.
“Liu Yan seu moleque imbecil, que merda de comida você serviu a Sua Majestade?” berrou o mordomo enfurecido quando chegou na cozinha.
O alvo era um jovem que mais parecia uma criança, pois era baixinho como um anão e gordinho como um saco de batatas.
“Oh! Então Sua Majestade, o rei, não gostou da minha comida e por isso mandou que você viesse aqui para lidar comigo?” falou o pigmeu em cima de um degrau, sem sequer dar uma olhada, enquanto mexia a enorme panela com uma colher de madeira.
“Isso mesmo, seu bastardinho de merda, como ousa servir sua majestade dessa maneira? Se eu não te ensinar uma lição, acredito que não poderia encarar mais Sua Majetade.”
“Interessante, queria saber o que nosso amado e gentil rei acharia de pessoas que usam seu nome para abusar de sua autoridade intimidando uma criança tão frágil e doce como eu.” respondeu Liu Yan com um sorriso sarcástico e um olhar de canto de olho.
No intante que aquele olhar se voltou para o mordomo, parecia que mil demônios saídos diretamente do inferno estivesse dilacerando sua alma. Era como se o próprio rei demônio estivesse sorrindo para ele em adição daqueles olhos que pareciam um abismo que o olhava de volta arrebatando sua coragem.
“Aaah! Co-como isso é possível? Demônio, você é um demônio!” o mordomo não aguentou ficar alí e saiu rapidamente da cozinha.
Aquela não era a primeira vez que Liu Yan mandava aquele mordomo correndo. Teve algumas vezes que ele tentou acusar Liu Yan de cultivar artes demoniacas mas isso só desgastou sua credibilidade. Além do fato do clã Liu não ter nenhuma herança digna de nota, ainda tinha a aparencia e aura de Liu Yan que estava abaixo do comum, ao ponto de até mesmo os anjos mais bondosos do céu não suportarem a ideia de não fazer bullying com aquele garoto esquisito.
“Que saco, outra vez essa palhaçada.” bufou Liu Yan enquanto voltava para seu estado contemplativo.
‘Para alguém que já viveu oito vidas, um mero mordomo sem qualquer cultivo não é capaz de me intimidar.’
‘Eu nasci originalmente em um planeta chamado Terra, localizado em um universo de uma dimensão muito distante’
‘Tive uma vida trágica como um mero seletor de metais que perde toda sua família em um massacre para os bastardos do planeta Zimo, no ano de 2968’
‘Treinei intensamente para me tornar um assassino, assim como estudei para me transformar um engenheiro de primeira, afim de construir minha base em meio a uma era onde a tecnologia era a mãe de todas as forças.’
‘Em um certo dia consegui minha vingança, destruindo o planeta Zimo logo antes de morrer.’
‘E foi então que tudo aconteceu...’
‘Renasci como um merda, tendo uma vida trágica outra vez e agora em um mundo onde o cultivo do Qi era o centro de todos os poderes. Treinei até me tornar o mais forte de um império, antes de me vingar e morrer de velhice depois de centenas de anos.’
‘Só que essa merda não parou. Renasci, outra vez...’
‘Na terceira vida não foi diferente, mas dessa vez não me vinguei. Fui embora de casa quando fiz quatro anos e me isolei nas montanhas cultivando até me tornar o ser mais poderoso debaixo daquele grande céu azul.’
‘Dominei tudo com a intenção de descobrir quem era o desgraçado me fazendo voltar a vida. Mas pouco antes de morrer descobri ruinas com uma linguagem entranha,que contava a história de outros oito céus acima daquele céu. Cada um com seres mais poderosos que o outro.’
‘Na quarta vida decidi dominar todos os nove céus. Me isolei por anos e dominei os reinos de cultivo daquele céu muito mais rápido. Dessa vez consegui chegar até o terceiro céu dominando tudo, mas ainda não descobri quem é que estva me fazendo renascer todas as vezes.’
‘Na quinta vez que renasci consegui chegar no quinto céu em apenas vinte anos de vida graças aos tesouros que escondi afim de me trazer ao terceiro céu em curtos anos.’
‘Nesse ponto eu já imaginava que o ser que estava me sacaneando era forte demais ao ponto de poder impedir meu crescimento a qualquer momento. Mas o mais estranho era que parecia que ele estava me permitindo fazer isso sem se importar.’
‘Sexta vida, sétimo céu...’
‘Sétima vida, oitavo céu...’
‘Na oitava vida eu finalmente cheguei ao nono céu mas não cheguei ao seu domínio completo. Fiz amizade com um ser místico que encontrei em uma gruta secreta que me deu alguns avisos. Segundo este ser, ele era parte de um fragmento do nono céu que conseguiu se manter escondido graças a sua habilidade de prever o destino.’
‘Segundo este ser, aquele que me trouxe a vida todas essas vezes, me vê como um suplemento para que ele possa ascender acima dos nove céus e no momento em que eu chegar ao suposto topo, ele só precisará de um único aceno para me suprimir e tomar meu poder.’
‘Perguntei então uma forma de evitar isso e este ser me disse que a única maneira seria ele se sacrificar para que eu tomasse o destino de outra pessoa, recomeçasse do zero e tomasse um caminho diferente do que eu tomei para esconder qualquer vestígio da minha existencia. Posteriormente, quando eu morresse, este ser não teria escolha a não ser se contentar a permanecer eternamente naquele nível.’
‘Um ponto importante era que por mais que eu tentasse, era impossível pra mim o suicídio ou a tentativa de me por em situações muito arriscadas, pois eu sempre conseguia escapar da morte por um triz. Esse ser superior me fazia parecer um protagonista das novels que eu lia nos meus tempos livres na Terra.’
‘Apesar de estranhar o fato da necessidade de ser eu o único com o poder de parar o cresimento deste ser, eu ainda aceitei isso. Decidi não usar qualquer forma de cultivo que me denunciasse ou qualquer tesouro que fora tocado por mim e esperar por minha morte em paz.’
‘Foi então que depois do sacrificio de um fragmento do nono céu eu tomei o corpo de uma criança de quatorze anos e mudei meu destino.’
‘Não cultivei nada durante dois anos permanecendo nesse corpo e resolvi me focar na especialidade do meu clã Liu. Cozinhar!’
‘Eu não sou o melhor cozinhando e aparentemente, apesar de ser o cozinheiro escolhido para tomar o lugar de chef do reino, também não sou do ramo mais querido do clã.’
‘E isso se deve ao fato de ser o cozinheiro do reino se tornou uma forma de carregar o maior fardo do clã Liu. Pois além de ter que dar todo o dinheiro para o sustento do clã, ainda tenho que agradecer ao primeiro ramo por ter fornecido tal honra.’
Enquanto Liu Yan estava imerso em seu caminho até o presente momento. Uma mensagem chegou de um servo.
“Chef Liu, Sua Majestade pede por sua presença.”
“Certo, estou indo.” respondeu Liu Yan.
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